ITTF: Retrospectiva 2019 – O efeito Calderano
26/12/2019 - 11:41
*Texto traduzido do site da ITTF
O revés nas quartas de final do Grand Finals 2019 para o chinês Fan Zhendong, que viria a ser o campeão em Zhengzhou, refletiu bem o que o brasileiro Hugo Calderano experimentou ao longo do ano.
Foi um resultado dentro do esperado, de acordo com as circunstâncias. Novamente esteve entre os oito melhores do campeonato, em mais um desempenho consistente.
O ano para o carioca de 23 anos foi de consolidação: ele terminou 2018 como sexto colocado do ranking mundial e, quando a lista de dezembro de 2019 foi anunciada, estava exatamente no mesmo lugar.
Ele provou ser digno de estar na elite do esporte. Ele reforçou o fato de que um atleta vindo além das fronteiras dos tradicionais continentes da Europa e da Ásia pode competir nos níveis mais altos. Mais do que isso, pode competir de forma consistente no nível mais alto. Seu progresso nos últimos três anos – um salto da 54ª posição no começo dos Jogos Olímpicos Rio 2016, realizados na sua cidade-natal – não foi por acaso.
Em 2019, não houve manchetes com vitórias como no Grand Finals de 2018, quando venceu Fan Zhendong. Mas tampouco houve grandes derrotas inesperadas.
Chegar às oitavas de final do Campeonato Mundial em abril, perdendo para o eventual campeão, o chinês Ma Long, foi um feito notável no maior evento do ano. Novamente, como também vimos em Zhengzhou, o resultado foi muito bom, mais do que satisfatório.
O evento mais importante
No entanto, se você é brasileiro, houve uma competição no ano mais valiosa: os Jogos Pan-Americanos, realizados em Lima, em agosto. Foi na capital peruana que Hugo Calderano teve o seu maior teste no ano.
Não há dúvidas sobre a capacidade desse jovem, mas, para triunfar, você deve ser mentalmente forte. Um dos maiores testes para a sua força mental se dá quando você é favorito, a honra do seu país está em jogo e você tem pela frente um desafiante de grande reputação. E mais, a vitória lhe dará a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Em Lima, na final do torneio individual, Hugo Calderano enfrentou o dominicano Wu Jiaji, um jovem que, defendendo as cores da China, foi semifinalista do Campeonato Mundial juvenil em 2010. Ele é um jogador em que os chineses colocavam grande esperança.
Focado, profissional, em sete sets, Hugo Calderano prevaleceu – e sua intensa força mental se destacou. Assim como no início do ano, durante a Copa Pan-Americana de Guaynabo, em fevereiro, ele entregou o esperado.
A resposta dos fãs
Após a conquista, o sorriso humilde, uma onda de gratidão e um mortal de costas para comemorar.
A resposta dele o aproximou da torcida, assim como durante o ano ele encantou os fãs em grande escala, tanto dentro como fora das fronteiras brasileiras. Esse fato ficou marcado em uma terça-feira, dia 10 de dezembro.
Realizado na Barra da Tijuca, região que concentrou a maior parte das disputas da Rio 2016, e assistido em cadeia nacional por centenas de milhares de brasileiros país afora, o Prêmio Brasil Olímpico viu Hugo Calderano ser eleito o Atleta da Torcida.
Um herói
O tênis de mesa brasileiro tem agora uma estrela que permeia as fronteiras do esporte. Na era moderna, Claudio Kano e, mais recentemente, Hugo Hoyama lideraram com muita dignidade os esforços brasileiros nas maiores arenas mundiais do tênis de mesa. Agora, os seus esforços foram superados: o Brasil tem algo a ser comemorado no esporte.
Você pode organizar um milhão de cursos para treinadores, fazer aulas introdutórias para atrair novos praticantes para a modalidade, tudo isso com seu devido valor, mas nada substitui um ícone. Nada substitui uma estrela.
Recorde de participantes
Em nenhum lugar isso ficou mais evidente do que no Campeonato Brasileiro realizado em São Paulo, de 11 a 15 de dezembro.
Sem Hugo Calderano, que estava em Zhengzhou para o Grand Finals, Vitor Ishiy foi o campeão individual masculino, enquanto Jéssica Yamada acabou coroada no feminino. Fatos importantes, mas superados pelo dado mais importante do evento: o número de participantes.
Dizer que houve uma gama completa de eventos chega a ser um eufemismo. Competições paralímpicas e de veteranos fizeram parte de um roteiro com 59 torneios de simples e 55 por equipes! Mais de 1.000 atletas participaram.
Foi o maior Campeonato Brasileiro da história, um novo horizonte – o efeito Calderano!
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